Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 30% dos moradores de favelas brasileiras já sofreram preconceito, afirma a pesquisa Radiografia das Favelas Brasileiras, a primeira do Instituto Data Favela, lançada hoje (4) no 1º Fórum Nova Favela Brasileira. De acordo com o estudo, 59% dos moradores das comunidades concordam que quem mora em comunidades da periferia é discriminado.
Para 32% dos que se disseram vítimas de preconceito, a cor da pele foi a motivação e para 30%, morar em uma favela foi o motivo. Para 20%, o preconceito decorreu da falta de dinheiro e, para 8%, das roupas que vestiam.
A pesquisa mostra também que 37% dos moradores de favela já foram revistados por policiais, proporção que chega a 65% quando se trata de jovens de 18 a 29 anos. Entre os que já foram revistados, a média chega a 5,8 abordagens na vida. "Temos um lado da presença do Estado que ajuda e outro que mostra preconceito", disse Renato Meirelles, um dos fundadores do Data Favela.
Por outro lado, a pesquisa constatou que 75% dos moradores de favela são totalmente ou parcialmente favoráveis à pacificação. Ao todo, 73% dos moradores acham as favelas violentas, sendo que 18% as consideram muito violentas.
Para mais de 60%, no entanto, a comunidade melhorou nos últimos anos, e 76% acreditam que vai melhorar nos próximos anos. Sair da favela não é o desejo de 66% dos entrevistados, e 94% se consideram felizes, um ponto percentual a menos do que a média nacional, segundo o Data Favela.
A pesquisa entrevistou 2 mil moradores de 63 favelas do país entre julho e setembro, depois de treinar moradores de comunidades para participar da formulação e da aplicação do questionário. "Não basta produzir números sobre a favela, é necessário que ela produza e interprete esses números", ressaltou Meirelles.
Edição: Talita Cavalcante
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