O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (27) a taxa básica de juros de 9,5% para 10% ao ano. Foi o sexto aumento seguido de abril para cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) emitiu uma nota assinala pelo seu presidente Adílson Araújo, em que assinala tratar-se de uma “péssima notícia para o povo brasileiro”. Leia a íntegra
“O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) concluiu a sua última reunião do ano na noite desta quarta-feira, 27, anunciando uma nova alta da taxa básica de juros (Selic), que subiu de 9,50% para 10%. É uma péssima notícia para o povo brasileiro e as centrais sindicais, que no dia anterior, 26, realizaram uma manifestação diante da sede do BC, em Brasília, reclamando precisamente o oposto do que foi decidido pelo Copom, ou seja, redução dos juros e mudança da política econômica conservadora e de viés neoliberal.
O Brasil mantém, com isto, o desonroso título de campeão mundial dos juros altos. Os custos para a economia nacional, a classe trabalhadora e a indústria são altíssimos. Estima-se que os credores da dívida pública embolsem cerca de R$ 12 bilhões ao ano a cada 1% de aumento da Selic, que ainda no mês de abril estava em 7,5%. Opera-se através da atual política monetária uma brutal e perversa transferência de renda da maioria da sociedade para os ricos banqueiros, rentistas e especuladores.
Em contrapartida, verifica-se o retrocesso da atividade econômica, com redução do consumo e dos investimentos na produção, e novos cortes nos gastos públicos justificados pela necessidade de economizar dinheiro para bancar os serviços da dívida pública (juros e amortizações), cujo peso cresce com a alta da Selic. O pagamento dos juros já consome cerca de 50% do Orçamento da União e o dinheiro destinado aos credores é o mesmo que faz falta na saúde pública, na educação, na Previdência, no transporte e na infraestrutura em geral.
A política econômica praticada pelo BC e pelo governo contempla os interesses da oligarquia financeira, que conta com um forte e eficiente lobby midiático para pressionar as autoridades a radicalizar em medidas conservadoras e não sair da linha traçada pelo tripé neoliberal dos juros altos, câmbio flutuante e superávit primário.
A CTB vai continuar lutando, em unidade com as outras centrais, para transformar esta realidade, consciente de que com a atual política macroeconômica será muito mais difícil, senão impossível, conquistar o fim do fator previdenciário, a redução da jornada e demais reivindicações constantes da Pauta Trabalhista, bem como realizar a agenda da classe trabalhadora por um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, soberania e democracia, aprovada na Conclat”.
Fonte: Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário