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sábado, 22 de outubro de 2011

Banco Central recebe crítica até do 'mercado' por corte tímido do juro

Em pesquisa do BC, 'mercado' previa que Comitê de Política Monetária (Copom) baixaria juro em meio ponto, mas instituções como Itaú e Credit Suisse informavam a clientes aposta em queda de até um ponto. Para corretora de câmbio, faltou a 'ousadia' da decisão de agosto, e já seria hora de Copom retomar reuniões mensais, para acelerar redução e enfrentar crise global.

BRASÍLIA – O corte de meio ponto do juro pelo Banco Central (BC) na última quarta-feira (19) foi uma decisão conservadora. Opinião de industriais e sindicalistas? Sim - mas não só. No “mercado”, há quem apostasse em queda maior da taxa, critique o BC e já defenda a volta de reuniões mensais do Comitê de Política Monetária (Copom) como algo capaz de acelerar a redução do juro e de ajudar a enfrentar a crise econômica global.

Apesar de, na média, o “mercado” consultado toda semana pela BC ter previsto redução de meio ponto, Itaú BBA e Credit Suisse são exemplos de instituições financeiras que esperavam mais – 0,75 ponto, no primeiro caso, um ponto, no segundo. Ambas as previsões constavam de boletins analíticos enviados a clientes.

Em texto em inglês distribuído à clientela nessa quinta-feira (20), um dia depois da reunião do Copom, o Itaú diz que, apesar de a decisão ter sido diferente da que aguardava, acredita que o BC terá de “acelerar o passo”, pois a economia brasileira vai desacelerar mais do que o imaginado.

O esfriamento resultará da crise econômica global e foi a razão apontada pelo BC para baixar o juro. Signatário de manifesto a favor de uma taxa permanentememnte menor no país, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, é outro que cobra mais velocidade daqui para frente.

“Fiesp e o Ciesp esperam que, nas próximas reuniões do Copom, a autoridade monetária acentue o movimento de redução dos juros, conforme o desejo de toda a sociedade brasileira”, disse Skaf em nota oficial após o anúncio da decisão.

A necessidade de mandar uma mensagem positiva ao setor produtivo é a principal razão apontada por outra instituição financeira, a corretora de câmbio NGO, para reclamar de falta de “ousadia” e “uma atitude mais firme” por parte do Copom na quarta-feira.

Para o diretor-executivo da empresa, Sidnei Moura Nehme, o comitê deveria ter surpreendido como em agosto, quando diminuíra o juro contra todos os prognósticos do “mercado”.

“Que diferença faz ter cortado meio ponto ou um ponto em termos efetivos nas taxas de juros no Brasil? Pouco, porque a taxa brasileira ainda continuaria expressiva ante as taxas das principais economias, mas, como 'mensagem' ao setor produtivo, teria efeito absolutamente desproporcional no aspecto positivo”, diz Nehme, em boletim à clientela nessa quinta.

Para o economista, seria hora de BC encurtar o espaço entre uma decisão e outra, de mais ou menos 45 dias. “Entendemos que seria extremamente oportuno que a periocidade das reuniões do COPOM voltasse a ser mensal, visto o contexto atual sugerir avaliações mais breves”, afirmou Nehme, em outro boletim, agora desta sexta-feira (21).

No início de 2009, com a crise financeira internacional deflagrada meses antes causando estragos pelo mundo, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, também sugeriu ao BC que retomasse as reuniões mensais do Copom, mas não conseguiu.

Aquela periodicidade foi abandonada em 2006 pelo BC, com o argumento de que seria bom o Copom poder coletar informações por mais tempo para suas análises e interferir menos no “mercado”, como aliás faz o Federal Reserve (FED) no Estados Unidos. O calendário 2012 de encontros do Copom (oito no total) foi aprovado pelo BC em junho.

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