As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram neste domingo (26) que libertarão unilateralmente 10 prisioneiros de guerra e que a partir de agora os sequestros estão proscritos.
"Queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação dos seis prisioneiros de guerra a dos quatro restantes em nosso poder", assinala o grupo insurgente em comunicado divulgado neste domingo.
O comunicado destaca que muito se tem falado acerca das detenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil, que efetuam com fins financeiros para manter a luta.
"Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que a partir de agora proscrevemos a prática das detenções em nossa atuação revolucionária", sublinha a guerrilha.
"Chegou a hora de começar a esclarecer quem e com que propósitos sequestra hoje na Colômbia", agrega.
Em outra parte do comunicado, as Farc também solicitam que Marleny Orjuela, porta-voz do grupo da sociedade civil Colombianos e Colombianas pela Paz (CCP), receba os detidos que serão libertados.
Com esse efeito, expressa o texto, "anunciamos ao grupo de mulheres do continente que trabalham ao lado do CCP, que estamos prontos para fazer o que seja necessário para agilizar este propósito".
Igualmente, a guerrilha agradece a disposição generosa do governo brasileiro, presidido por Dilma Rousseff, e assinala que aceita sem vacilação a participação brasileira no processo para as citadas libertações.
O grupo insurgente manifesta também sentimentos de admiração para com os familiares dos soldados e policiais em seu poder.
"Jamais perderam a fé em que os seus recobrariam a liberdade, mesmo em meio ao desprezo e indiferença dos distintos governos e comandos militares e policiais", afirmam.
Comissão internacional
As Farc celebram ainda os passos que vêm sendo dados rumo à conformação de uma comissão internacional que verificará as denúncias sobre as condições subumanas de reclusão em que vivem os prisioneiros de guerra e sociais nos cárceres do país.
"Esperamos que o governo colombiano não tema e não obstrua este legítimo trabalho impulsionado pela comissão de mulheres do continente."
A dirigente política e social brasileira Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz, integra a comissão e se encontra na Colômbia onde participa do fórum "Colômbia entre grades", em busca de um caminho para a liberdade e a paz, evento organizado pelo grupo humanitário Colombianos e Colombianas pela Paz.
Durante esta semana, a comissão inspecionará cárceres colombianos e verificará as condições carcerárias em que vivem os prisioneiros políticos e de guerra.
Socorro Gomes declarou ao Vermelho que “é importante abrir os caminhos para a paz, a liberdade e os direitos humanos na Colômbia”. A ativista brasileira assegurou que ela e demais mulheres dirigentes políticas e sociais latino-americanas “estão à inteira disposição para apoiar o chamamento à negociação e à paz feito pelo grupo Colombianos e Colombianas pela Paz”.
A presidente do Conselho Mundial da Paz diz “estar convencida de que é indispensável encontrar uma saída negociada para este longo conflito armado pelo qual atravessa o país. A humanidade anseia a liberdade, a justiça e a paz”.
Socorro Gomes também chamou a atenção para a interferência do imperialismo estadunidense na América Latina: “não aceitamos que o imperialismo estadunidense e seus aliados venham militarizar nossos territórios com o argumento de combate ao narcotráfico".
"Este é o pretexto que utilizam – diz Socorro –, assim como o combate às forças insurgentes, para ampliar sua presença militar em nosso continente através da instalação de bases militares e do famigerado Plano Colômbia. Reafirmamos uma vez mais que rechaçamos com veemência as bases militares estrangeiras em nosso continente".
"A militarização não traz segurança para nossos povos e nações, o que ela faz é desrespeitar a soberania de nossos países e os direitos humanos de nossos povos."
Governo colombiano
Por sua vez, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que valoriza o anúncio das Farc mas o considerou insuficiente.
"Valorizamos o anúncio das Farc de renunciar ao sequestro como um passo importante e necessário, mas insuficiente na direção correta", escreveu Santos em sua conta da rede social Twitter.
Da Redação, com Prensa Latina
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