Ministro foi indiciado por um crime eleitoral e também por associação criminosa.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Turismo, Marcelo Àlvaro Antonio - Foto: Pedro Ladeira/Folhapress |
A Polícia Federal indiciou o ministro
do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais 10 pessoas no inquérito sobre o uso de
candidaturas-laranja no PSL em Minas Gerais. Ele foi indiciado pelo crime
eleitoral de omissão na prestação de contas de campanha e pelo crime de
associação criminosa.
Marcelo
é citado em depoimentos na investigação sobre o uso de candidaturas de mulheres
na eleição de 2018 para desvio da verba eleitoral no estado. Ele era o
presidente estadual do PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro.
A suspeita é que o
partido inscreveu essas candidatas sem a intenção de que elas fossem, de fato,
eleitas. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que pelo menos 30%
dos recursos do fundo eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas.
O G1 entrou
em contato com a assessoria do ministro e aguarda retorno. A reportagem também
tenta contato com o PSL em Belo Horizonte. Consultada sobre o indiciamento, a
Presidência da República disse que não iria comentar.
Ao blog de Valdo Cruz, o
porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que o presidente Jair Bolsonaro
vai manter o ministro no cargo . “O presidente da República
aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”,
disse".
Veja a lista de indiciados:
·
Camila Fernandes - suspeita de ser candidata-laranja
·
Debora Gomes - suspeita de ser candidata-laranja
·
Haissander de Paula - ex-assessor do ministro quando ele era
deputado federal, preso em junho deste ano
·
Irineu Inacio da Silva - deputado estadual em Minas pelo PSL -
conhecido como Professor Irineu
·
Lilian Bernardino - suspeita de ser candidata-laranja
·
Marcelo Raid Soares - dono de duas empresas gráficas em
Belo Horizonte
·
Mateus Von Rondon - assessor especial do ministro, preso
em junho deste ano
·
Naftali Tamar - suspeita de ser candidata-laranja
·
Reginaldo Donizeti Soares - irmão de Roberto Silva Soares, sócio
de duas empresas que prestaram serviço eleitorais às candidatas investigadas
·
Roberto Silva Soares - Assessor do ministro, preso em em junho
deste ano
O
indiciamento faz parte da conclusão do inquérito da Polícia Federal. De acordo
com o delegado Marinho Rezende, o inquérito foi entregue ao Ministério Público
Eleitoral de Minas Gerais - órgão dentro do Ministério Público de Minas Gerais
-, nesta quinta-feira (3). Agora, cabe ao MPE decidir se apresenta ou não
denúncia à Justiça.
O indiciamento das 10
pessoas, excluindo o ministro, já havia sido feito pela PF em junho
deste ano. O processo está em segredo de Justiça.
Duas ações da PF
já foram deflagradas para investigar o caso. Em abril, a primeira fase da operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão em
cinco cidades de MG, incluindo a sede da legenda em Belo Horizonte . A segunda
fase aconteceu em junho e cumpriu três mandados de prisão, tendo como alvo principal o assessor especial de Álvaro Antônio, Mateus Von Rondon.
O ministro Marcelo Álvaro Antônio sempre negou irregularidades nas
candidaturas.
A advogada
Fernanda Lage Martins da Costa, que defende as quatro mulheres suspeitas, disse
que já entrou com um pedido de habeas corpus no
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e aguarda o julgamento
deste recurso.
Candidaturas-laranja no
PSL
Em março deste
ano, em depoimento à Polícia Federal, a filiada do PSL Zuleide Oliveira acusou
Álvaro Antônio de chamá-la para ser candidata-laranja nas eleições do ano
passado. Segundo Zuleide, o ministro teria organizado sua candidatura para que
ela pudesse receber – e depois devolver – verbas ao partido, desviando dinheiro
público da campanha.
Zuleide detalhou
que recebeu uma proposta de um assessor do ministro, então presidente do PSL em
Minas, para devolver R$ 45 mil dos R$ 60 mil que receberia para a campanha.
O ministro negou a acusação e disse que Zuleide "mente
descaradamente".
Outras candidatas
do PSL mineiro já são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público por suspeita de candidatura-laranja na eleição passada. As
investigações apuram a denúncia de que o dinheiro enviado às candidatas teria
sido devolvido a assessores do ministro Marcelo Álvaro Antônio.
A ex-candidata a
deputada federal Adriana Moreira Borges disse ao Ministério Público Eleitoral
também ter recebido uma proposta de um assessor de Álvaro Antônio para repassar R$ 90 mil dos R$ 100 mil que
receberia para fazer a campanha em 2018.
Gustavo Bebbiano
O caso das
candidaturas suspeitas de serem laranjas foi revelado pelo jornal "Folha
de S.Paulo". Além de Álvaro Antônio, as denúncias causaram uma crise que
atingiu Gustavo Bebbiano, que acabou exonerado do cargo de secretário-geral da
Presidência da República.
No caso de
Bebianno, as suspeitas surgiram em Pernambuco, onde a candidata a deputada
federal pelo PSL Lourdes Paixão recebeu R$ 400 mil de verba pública eleitoral,
mais do que o repassado para a campanha de Bolsonaro, e obteve 274 votos nas
eleições de 2018.
Durante as
eleições, Bebianno era presidente nacional do PSL, mas ele negou que tenha sido
responsável pela escolha dos candidatos que receberam dinheiro do fundo
partidário em Pernambuco.
Fonte: G1
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