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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Com a faca no pescoço, Betim decreta calamidade após bloqueio de R$ 48 milhões


A batalha judicial entre o município de Betim e a empresa Andrade Gutierrez ganha um novo capitulo. A empresa quer retirar dos cofres do munícipio mais de R$ 500 milhões referentes a uma suposta dívida em relação às obras realizadas há mais de 30 anos. Mesmo após uma auditoria e documentos comprovando que a tal dívida foi paga mais de uma vez, a empreiteira insiste por vias judiciais que o pagamento seja realizado novamente.

O atual prefeito Vittorio Medioli tem denunciado este escândalo desde 2017 e tem travado uma verdadeira luta para mostrar a fraude que envolve a Andrade Gutierrez e políticos que já administraram o município nas décadas de 80 e 90. Em 2018 foi realizado uma audiência na assembleia legislativa e diversas manifestações em Betim e inclusive na porta da empresa em BH, contestando e denunciando a falsa dívida.

Recentemente a prefeitura foi notificada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais que cerca de R$ 48 milhões seriam “sequestrados” para pagar os precatórios cobrados pela empreiteira. Após o anúncio deste bloqueio por parte da justiça, o prefeito municipal decretou no último dia 09, estado de calamidade pública, já prevendo o enorme impacto que trará à cidade. Atualmente o município arrecada cerca de R$ 1,5 bilhões e a cobrança da Andrade Gutierrez é um terço de toda a arrecadação, ou seja, serviços públicos essenciais à população, como saúde e educação, folha de pagamento, além de diversas obras em andamentos poderão ser paralisadas.

Na tarde desta quinta-feira, dia 10, o prefeito deu uma coletiva à imprensa afirmando que o município não aguenta esse impacto financeiro, que será desastroso para a população. “Temos cinco ações na justiça contestando essa cobrança absurda. Inclusive pedimos que a empresa o que recebeu a mais de Betim. Nós já entramos com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça para reverter esse bloqueio”, explica Medioli.
População sai às ruas contra a cobrança da falsa dívida.
O prefeito esclarece ainda que o município já sofria com a falta de repasses do Estado de Minas Gerais, que chega a quase R$ 280 milhões. “Fizemos sacrifícios, cortamos despesas e gastos desnecessários para manter os serviços públicos e pagar os servidores e fornecedores em dia, mas com a falta de repasse somado a este bloqueio, a situação piora ainda mais”.
O prefeito já iniciou uma série de reuniões com secretários, com o poder legislativo municipal e pretende levar ao conhecimento de toda população o quadro financeiro que a cidade irá enfrentar se tal cobrança for realizada. Representantes de diversas entidades sociais, sindicais e estudantis já planejam a realização de novas manifestações para denunciar e barrar a cobrança da falsa dívida, diante do enorme impacto para a população betinense
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