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terça-feira, 24 de setembro de 2019

Bolsonaro ataca Cuba, França e Venezuela e vê "falácia" sobre Amazônia

Em um tom agressivo, em que atacou os governos de França, Venezuela e Cuba, o socialismo e o ambientalismo, o presidente Jair Bolsonaro abriu hoje a 74ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) com um discurso semelhante ao que permeou sua candidatura à Presidência, no ano passado. Bolsonaro não poupou nem mesmo a ONU. Em um discurso ideológico, o presidente apontou ações que classificou como ameaças à soberania do Brasil. Ele atacou "sistemas ideológicos de pensamento", que estariam invadindo escolas, universidades, meios de comunicação e a "família", sob a acusação de tentar subverter o sexo biológico das crianças.
 
Bolsonaro convidou os presentes para visitarem o Brasil e verem com os próprios olhos que o país é bem diferente do que tem sido relatado pela imprensa. O presidente justificou as atuais queimadas na Amazônia como um incidente favorecido pelo clima seco e também por práticas da cultura local. E acusou a mídia de difundir a "falácia" de que a floresta é um patrimônio da humanidade e o pulmão do mundo. A fala também foi uma resposta ao presidente francês, Emmanuel Macron, que no mês passado falou sobre a opção de internacionalizar a gestão das florestas.

Sem citação nominal, Bolsonaro criticou Macron e disse ser um equívoco dizer que a floresta é o pulmão do mundo. Segundo ele, a Amazônia permanece "praticamente intocada", o bioma não está sendo devastado e atacou nações que alega ameaçarem a soberania do Brasil. Nesse momento, o presidente enfatizou seus argumentos recentes de que a população indígena clama por desenvolvimento, e mencionou a presença da indígena bolsonarista Ysani Kalapalo, que estava sentada no plenário ao lado da primeira-dama, Michele Bolsonaro. "Eles [os índios] querem os mesmos direitos que todos nós", disse. Segundo ele, 14% do território brasileiro é demarcado como terra indígena. "Não vai aumentar para 20%, como alguns chefes de Estado gostariam." O presidente criticou as ameaças de sanções e acusou outros países de tentar usar os índios brasileiros como reserva de mercado. Segundo ele, há "apenas" 15 mil índios da tribo Ianomami que vivem numa área do tamanho de Portugal ou da Hungria.

O presidente criticou ainda o líder indígena Raoni, dizendo que pessoas como ele são usadas como "peças de manobra" por governos estrangeiros para avançar seus interesses na Amazônia.

Ataques a Venezuela e Cuba Logo no início da fala, fez questão de apresentar o programa Mais Médicos, que trouxe cubanos para trabalhar no país nos governos de Lula e Dilma no atendimento à saúde, como um "caso explícito" de atentado aos direitos humanos. "Não podiam trazer parceiros ou filhos, e tinham seus salários confiscados", disse. Como uma crítica, disse que o programa foi respaldado pela ONU. Citou, ainda, a influência dos governos petistas para alimentar ditaduras em outros países, como o governo de Hugo Chavez, na Venezuela.

O presidente citou a saída de Cuba do programa Mais Médicos, ao qual se referiu como um "verdadeiro trabalho escravo respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU". "Deste modo, nosso país deixou de contribuir com a ditadura cubana, não mais enviando para Havana 300 milhões de dólares todos os anos", falou. Ele lembrou que boa parte dos médicos deixou o Brasil antes mesmo que ele assumisse o governo e que os que permaneceram no país vão se submeter à qualificação para exercer a profissão.

O presidente também falou sobre a situação na Venezuela, dizendo que o país experimenta hoje "a crueldade do socialismo" e que o Brasil sente os impactos disso por causa do alto número de migrantes. Disse que o governo tem atuado em parceria com os EUA e com outros países para restabelecer a democracia no país vizinho, mas que a ameaça ainda existe. No discurso, Bolsonaro disse que o Brasil trabalha para reconquistar a confiança do mundo e diminuir problemas como desemprego e violência. Ele diz que o país estava "à beira do socialismo" e está sendo reconstruído em seu governo "a partir dos anseios e dos ideais de seu povo".


"Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições", falou. Bolsonaro buscou apresentar seu governo como uma alternativa de abertura econômica para o país, com combate à burocracia, à corrupção e a acordos comerciais, sem deixar de citar os escândalos do PT e tecer elogios ao atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Discorreu sobre as viagens que seu governo tem feito para retomar relações comerciais, como a viagem a Davos, no início do ano, a Israel e Argentina. Prometeu que, ainda este ano, deve investir em parceiros na Ásia --Oriente Médio, Japão e China.

Fonte: UOL


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