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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

‘Recomendo que procure ajuda psiquiátrica’, diz Gilmar Mendes a Janot

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes divulgou comentários sobre as entrevistas de Rodrigo Janot (ex-procurador Geral da República) , em que afirma ter ido armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a intensão de matar o ministro.

“Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal”, disse em nota Gilmar Mendes.

“Naquele dia, cheguei ao meu limite. Fui armado para o Supremo. Ia dar um tiro na cara dele e depois me suicidaria”, disse Janot à revista Veja. A motivação da ira do ex-PGR seria por “insinuações maldosas contra a minha filha”.

“Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele. Mas algo estranho aconteceu”, conta Janot.

“Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de 2 metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte”, narrou o ex-PGR.

Mendes se disse “surpreso” com a revelação. “Por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado”, criticou.

“Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer”, disse o ministro.

Veja a íntegra da nota:

“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.

Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”


 Fonte: Jota

Entrei armado no STF para matar Gilmar Mendes e me suicidar, diz Janot

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot – que lançará em breve o livro autobiográfico Nada Menos que Tudo – adiantou um dos trechos mais polêmicos da publicação. Em entrevista ao Estadão, Janot declarou que, no momento mais tenso de sua passagem pela Procuradoria, às voltas com a Operação Lava Jato, ele foi armado a uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) para matar o ministro Gilmar Mendes. “Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar.”

O ministro do STF Gilmar Mendes e o ex-procurador Rodrigo Janot: divergências quase chegaram às vias de fato
O incidente teria ocorrido em maio de 2017. Segundo o ex-procurador-geral, logo depois de ele apresentar uma exceção de suspeição contra Gilmar, o ministro difundiu “uma história mentirosa” sobre sua filha. “E isso me tirou do sério.”

Na ocasião, Janot, então chefe do Ministério Público Federal, pediu o impedimento de Gilmar na análise de um habeas corpus de Eike Batista, com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.

Ao se defender em ofício à então presidente do STF, Gilmar afirmou que a filha de Janot – Letícia Ladeira Monteiro de Barros – advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o ministro, a filha do ex-PGR poderia na época “ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato”.

“Foi logo depois que eu apresentei a sessão (...) de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal. E aí eu saí do sério”, afirmou o ex-procurador-geral.

Janot disse que foi ao Supremo armado, antes da sessão, e encontrou Gilmar na antessala do cafezinho da Corte. “Ele estava sozinho”, disse. “Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus”, repetiu o procurador ao justificar por que não concretizou a intenção. “Cheguei a entrar no Supremo (com essa intenção). Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma ‘mão’ mesmo.”

O ex-procurador-geral disse que estava se sentindo mal e pediu ao vice-procurador-geral da República substituí-lo na sessão do Supremo. A cena descrita acima não está narrada em detalhes no livro Nada menos que tudo (Editora Planeta), no qual relata sua atuação à frente da Operação Lava Jato. Janot alega que narrou a cena, mas “sem dar nome aos bois”.

O ex-procurador-geral da República diz que sua relação com Gilmar já não era boa até esse episódio, mas depois cortou contatos. “Sou um sujeito que não se incomoda de apanhar. Pode me bater à vontade. [Mas] Eu tenho uma filha. Se você for pai...” Procurado pelo Estadão, Gilmar Mendes não havia se pronunciado até a publicação da reportagem.

O caso também está exposto na edição da revista Veja que chega às bancas nesta sexta-feira (27). A publicação diz que Janot, “decidido a executar” Gilmar Mendes, planejava “dar um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A cerca de 2 metros de distância de Mendes, na sala reservada onde os ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, Janot sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a engatilhou”. Também à Veja, Janot reitera: “Ia dar um tiro e me suicidar”.

Fonte: Vermelho

Em reunião com PCdoB Betim, prefeito apresenta balanço da sua gestão


Na última quinta-feira, dia 26, o prefeito de Betim Vittório Medioli reuniu com lideranças e membros do PCdoB na cidade de Betim.  O convite ao prefeito foi iniciativa da direção do partido, tendo em vista o início da mobilização para a conferência partidária, que até o mês de novembro deste ano, reunirá a militância e filiados para discutir os desafios politico-eleitoral para os próximos anos.  Dentre outros assuntos a serem tratados no encontro, frisou-se ouvir do chefe do executivo municipal as principais ações realizadas pelo governo nestes 02 (dois) anos e 09 (nove) meses de gestão. 
Prefeito Vittório Medioli aborda os desafios em governar o município em tempos de crise
Medioli destacou os desafios encontrados quando assumiu a prefeitura de Betim, destacando o orçamento apertado, a redução da arrecadação de ICMS, as dívidas oriundas de financiamentos internacionais e nacionais, além da ausência dos repasses dos impostos devidos aos municípios por parte do Governo do Estado de Minas Gerais. 
O prefeito destaca que “o município já viveu tempos de fartura e não soube aproveitar para se desenvolver e melhorar a vida do povo. Os impactos nas perdas na arrecadação são enormes, acima de R$ 520 milhões anuais. A fábrica da Fiat em Betim chegou a produzir 90 mil carros por mês, atualmente não passa de 20 mil unidades”.


Ressaltou ainda que ao assumir o governo, a missão era resgatar as potencialidades do município, retomando a credibilidade e atrair novos investimentos para gerar empregos e aumentar a receita do município. “O objetivo foi retomar a confiança das empresas para se instalarem em Betim, reduzindo a burocracia que irritava e afugentava os investidores. Em parceria com a iniciativa privada estamos melhorando a estrutura viária e logística das áreas industriais, a exemplo as obras que interligam a BR 381 a Via Expressa, além de viadutos e trincheiras que estão sendo construídos”.

Na área da educação e saúde, Medioli afirmou que a sua gestão tem uma visão de 360 graus, ou seja, atendendo diversas áreas da cidade, mas há uma dedicação maior com a educação e a saúde. “Já inauguramos várias creches infantis, a exemplo dos bairros Citrolândia, Vila Cristina e Betim Industrial e várias outras estão em construção. Estamos reestruturando todo o nosso sistema de saúde. Reformamos o Hospital Regional, investimos em equipamentos e dobramos a sua capacidade de atendimento, além de realizar diversos mutirões para cirurgias especializadas como cataratas. As obras do Centro Materno Infantil está em fase final e em breve será inaugurado. Já inauguramos várias unidades de saúde, como no Teresópolis, Vila Recreio, Icaivera e Cachoeira e foram lançadas as obras de várias outras, como Campos Elíseos, Paulo Camilo”, presta conta.


Aproveitando a oportunidade o prefeito municipal destacou a importância das obras realizadas através das contrapartidas das empresas que se instalaram no município. “O nosso governo busca dialogar e convencer as empresas da importância de determinadas obras. Podemos destacar o viaduto do Mater Dei, Monte Carmo, Partage, além trincheiras e a continuidade do viaduto do Jacintão, entre outras”.

Aos comunistas Medioli afirmou que busca assimilar a mentalidade implementada pelo governo socialista na China. “O país chinês é um exemplo a ser seguido, que investe no desenvolvimento econômico do país reduzindo a desigualdade social, a caminho de se tornar a maior potência comercial do mundo”, destaca.

Em relação às eleições municipais de 2020, o prefeito afirma não querer antecipar as discussões sobre uma possível candidatura à reeleição. “Aprendi que temos que viver um dia de cada vez e aproveitar bem o tempo que temos para realizar coisas boas e esse é o meu objetivo, concluir os projetos que estão em curso na cidade”.
Tiago Santana, vereador e presidente do PCdoB em Betim/MG.
 Vittório Medioli enalteceu o apoio e a participação do partido PCdoB na sua administração, em especial na educação infantil e na pasta da saúde, além do apoio na Câmara Municipal que teve o vereador Tiago Santana na liderança do governo por 02 (dois) anos (2017/2018).

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Tragédia em Brumadinho completa oito meses com 249 mortos, 21 desaparecidos e nenhum preso

Trabalho de buscas prossegue ininterrupto desde o dia do desastre - Corpo de Bombeiros/Arquivo
O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, completa oito meses nesta quarta-feira (25). O desastre, que chega a 244 dias, ainda não foi esclarecido pelas autoridades e segue sem punição.

Até o momento, 13 pessoas da mineradora Vale e da TÜV SÜD, empresa que atestou a estabilidade da estrutura, foram indiciadas pela Polícia Federal por falsidade ideológica, previsto na Lei de Crimes Ambientais. A investigação continua para apurar se houve dolo. Por enquanto, ninguém foi preso.

A tragédia em Brumadinho deixou 249 pessoas mortas e outras 21 desaparecidas. O trabalho de resgate em meio ao mar de lama prossegue e é a maior operação do tipo no Brasil. Desde às 12h20 do dia 25 de janeiro as buscas seguem ininterruptas pelo Corpo de Bombeiros.

Nesta quarta-feira, 149 militares estão empenhados na operação. Eles vasculham os rejeitos com o auxílio de 166 máquinas e contam, também, com a ajuda de um drone, que sobrevoa a área atingida pela lama. Os trabalhos da corporação estão divididos em 18 frentes.

A Vale informou que, após oito meses da tragédia, está realizando repasses emergenciais mensais para mais de 107 mil pessoas, além de "garantir moradia, água, alimentos, medicamentos, apoio médico e psicológico, roupas, transporte e projetos sociais de desenvolvimento socioeconômico às comunidades".
A empresa disse, também, que direcionou recursos para suporte aos municípios e instituições públicas estaduais, garantiu cuidado com a fauna e está empenhada em remover os rejeitos. Além disso, três barragens da mineradora com risco de se romper estão sem descaracterizadas.
Indenização
Na semana passada, a Justiça mineira concedeu a primeira sentença em ação individual contra a Vale por causa do rompimento da barragem em Brumadinho. A mineradora foi condenada a pagar quase R$ 12 milhões em indenização às famílias de dois irmãos e de uma mulher grávida na tragédia. A decisão é do juiz Rodrigo Heleno Chaves após cinco meses de tramitação da ação.
Sobre a sentenção, a Vale informou que fez um acordo com os Ministérios Públicos Federal e Estadual, Defensorias Públicas da União e do Estado e Advocacias do Estado e da União para pagamentos de indenizações emergenciais a todos os moradores de Brumadinho e aos residentes a até 1 km da calha do Rio Paraopeba por um ano, a partir de 25 de janeiro.
"Até o momento, mais de 107 mil beneficiários já recebem a ajuda emergencial no valor de um salário mínimo por adulto, ½ por adolescente e ¼ de salário mínimo para criança", frisou a mineradora.
Desastre

A barragem Mina Córrego do Feijão, localizada a 57km de Belo Horizonte, rompeu-se às 12h20 do dia 25 de janeiro. Era uma sexta-feira e, como a tragédia aconteceu na hora do almoço, muitos funcionários da Vale estavam no restaurante da mineradora.

O local foi um dos pontos que foi varrido pelo mar de lama, que também tomou conta de estradas, de parte do rio Paraopeba e de um povoado próximo.

Fonte: Hoje em Dia

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Política de Witzel causou morte de Ághata, dizem especialistas em segurança


Mortes de cidadãos por agentes públicos, sejam civis ou militares, têm de ser discutidas exatamente no âmbito político. A opinião é especialistas em segurança pública ouvidos pelo UOL. Eles argumentam que estes casos são reflexos da política adotada pelo governo e não podem ser tratados como "apenas mais um". Ao se pronunciar pela primeira vez sobre o assassinato de Ághata Felix, 8, o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) afirmou que não se pode transformar a morte de crianças em "palanques eleitorais". Para ele, este é um "caso isolado" e política de combate à criminalidade tem sido bem-sucedida.
 
Imagem: Voz das Comunidades
"Toda morte provocada por agentes do Estado se trata, sim, de um tema da política. O assassinato [de Ághata] é efeito de uma política de morte que o estado do Rio está implementando", afirma a professora Haydée Caruso, do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da UnB (Universidade de Brasília). Para a pesquisadora, o caso está longe de ser "isolado", como afirmou o governador. "Ele confirma uma lógica de atuação da polícia, que está submetida às diretrizes do governo do estado", afirma Caruso.

"O trabalho da política é um serviço público, é natural que [a discussão] se faça sobre o âmbito da política, é uma discussão de toda a sociedade", afirma Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz. Segundo ele, o discurso do Executivo interfere diretamente na ação policial —e, neste ponto, Witzel merece as críticas que recebe. "Ele tem escolhido um discurso de guerra, de que policiais têm de ir pra cima e que o os criminosos devem ser abatidos, morrerem com tiro na cabeça. Isso é lido na ponta da linha pelos policiais e tem uma consequência", argumenta Langeani.

Nos primeiros oito meses de governo Witzel, 1.249 pessoas foram mortas pela polícia no Rio de Janeiro: uma alta de 16% em comparação ao mesmo período de 2018 e o maior patamar desde 1998, de acordo com o instituto. Do total, cinco eram crianças. "Claramente, este crescimento no número de inocentes mortos nas favelas do Rio por forças do Estado é resultado de uma opção política", afirma Flávio de Leão Bastos, professor de direito constitucional da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "Uma das principais provas disso é que não há um morto em áreas de milícia. Se fosse ao acaso, teria também nessas áreas, mas não....".

Outro ponto, diz ele, são os helicópteros que atiram "a esmo" nas comunidades carentes da cidade. "A própria Secretaria de Segurança já disse que só poderiam haver disparos quando o agente é atacado, mas não é o que acontece", pondera Bastos. "Isso tudo é, sim, resultado de uma escolha política - feita pela população eleitoralmente, aliás." 

Segurança pública é uma das bandeiras de Witzel

Embora o governador tenha questionado o uso político do caso, os especialistas lembram que segurança pública foi uma das bandeiras eleitorais de Witzel ao se eleger no ano passado e tem sido um de seus principais assuntos também no Executivo. "Se ele elegeu o maio da segurança pública como bandeira principal, não pode escolher quando quer tratar e quando não quer tratar do assunto. O próprio optou por este campo de jogo", lembra Langeani.

"[Witzel fez isso] ao descer do helicóptero comemorando. A ação da polícia foi acertada, o erro foi dele: não se comemora a morte de ninguém", afirma Bastos, ao se referir ao caso do sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói no final de agosto. Minutos após a resolução do caso, quando o sequestrador foi baleado, Witzel chegou ao local festejando, com os punhos cerrados. A cena foi divulgada por toda a mídia. "Se ele desce de um helicóptero comemorando e depois faz uma coletiva para ganhar os louros de uma ação que tecnicamente foi correta, é normal que as pessoas critiquem quando não for", argumenta o gerente do Sou da Paz.

Governo deveria focar em inteligência da polícia, não na sua agressividade 

Para os especialistas, o governo está no caminho errado no combate à criminalidade, que deveria ser mais focado em operações policiais que usem inteligência integrada do que no uso de força contra populações mais carentes. 

"Não há inteligência nas operações do Rio. O agente de segurança atira no motoqueiro que furou um bloqueio e acerta uma Kombi. Dezenas de moradores dizem que só ele atirou. Para uma força armada oficial, isso não é admissível. Se esta operação foi executada sob padrões de inteligência, não sei o que é inteligência", critica Bastos. "O Estado não pode matar. O Estado não pode errar, não tem esse direito." Langeani dá exemplos de operações de apreensão que usaram técnicas de inteligência policial e forças de diferentes órgãos para realizar apreensões bem-sucedidas, como nos casos dos 60 fuzis no Aeroporto do Galeão em 2017 e das 48 pistolas na Rio-Santos no último sábado (21).

"Nenhum tiro foi dado. Se somar as duas operações do Rio só na semana passada [complexos do Alemão e da Maré], foram 10 mortos —dois deles policiais— e não teve o mesmo resultado", argumenta. "Em contrapartida, arrisca os policiais de forma desnecessária, há mortes e cria um risco gigantesco para a população civil. Não só de levar tiro, mas também para quem não vai ao trabalho, não leva a filha para a escola... O custo é muito alto", diz.

"Este modelo não é viável. O sinal que a polícia está nos dando é: isso aconteceu porque estava com foco em A e, infelizmente, B passou na frente. Logo, mortes como esta podem acontecer. Mas não pode acontecer! A polícia tem superioridade de método e técnica, eles não são apenas um bando armado", argumenta Caruso.

"Óbvio que há mortes todos os dias pela ação de delinquentes, mas o que esperamos da polícia é que ela não seja este agente. Não dá para comparar [mortes por bandidos com mortes pelas forças estatais]. O que se espera é que ela tenha destreza e preste contas, mas não é o que acontece —e esse caminho não nos têm tirado do buraco. Se fosse, o problema já tinha sido resolvido", conclui a pesquisadora.

Fonte: UOL

Bolsonaro ataca Cuba, França e Venezuela e vê "falácia" sobre Amazônia

Em um tom agressivo, em que atacou os governos de França, Venezuela e Cuba, o socialismo e o ambientalismo, o presidente Jair Bolsonaro abriu hoje a 74ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) com um discurso semelhante ao que permeou sua candidatura à Presidência, no ano passado. Bolsonaro não poupou nem mesmo a ONU. Em um discurso ideológico, o presidente apontou ações que classificou como ameaças à soberania do Brasil. Ele atacou "sistemas ideológicos de pensamento", que estariam invadindo escolas, universidades, meios de comunicação e a "família", sob a acusação de tentar subverter o sexo biológico das crianças.
 
Bolsonaro convidou os presentes para visitarem o Brasil e verem com os próprios olhos que o país é bem diferente do que tem sido relatado pela imprensa. O presidente justificou as atuais queimadas na Amazônia como um incidente favorecido pelo clima seco e também por práticas da cultura local. E acusou a mídia de difundir a "falácia" de que a floresta é um patrimônio da humanidade e o pulmão do mundo. A fala também foi uma resposta ao presidente francês, Emmanuel Macron, que no mês passado falou sobre a opção de internacionalizar a gestão das florestas.

Sem citação nominal, Bolsonaro criticou Macron e disse ser um equívoco dizer que a floresta é o pulmão do mundo. Segundo ele, a Amazônia permanece "praticamente intocada", o bioma não está sendo devastado e atacou nações que alega ameaçarem a soberania do Brasil. Nesse momento, o presidente enfatizou seus argumentos recentes de que a população indígena clama por desenvolvimento, e mencionou a presença da indígena bolsonarista Ysani Kalapalo, que estava sentada no plenário ao lado da primeira-dama, Michele Bolsonaro. "Eles [os índios] querem os mesmos direitos que todos nós", disse. Segundo ele, 14% do território brasileiro é demarcado como terra indígena. "Não vai aumentar para 20%, como alguns chefes de Estado gostariam." O presidente criticou as ameaças de sanções e acusou outros países de tentar usar os índios brasileiros como reserva de mercado. Segundo ele, há "apenas" 15 mil índios da tribo Ianomami que vivem numa área do tamanho de Portugal ou da Hungria.

O presidente criticou ainda o líder indígena Raoni, dizendo que pessoas como ele são usadas como "peças de manobra" por governos estrangeiros para avançar seus interesses na Amazônia.

Ataques a Venezuela e Cuba Logo no início da fala, fez questão de apresentar o programa Mais Médicos, que trouxe cubanos para trabalhar no país nos governos de Lula e Dilma no atendimento à saúde, como um "caso explícito" de atentado aos direitos humanos. "Não podiam trazer parceiros ou filhos, e tinham seus salários confiscados", disse. Como uma crítica, disse que o programa foi respaldado pela ONU. Citou, ainda, a influência dos governos petistas para alimentar ditaduras em outros países, como o governo de Hugo Chavez, na Venezuela.

O presidente citou a saída de Cuba do programa Mais Médicos, ao qual se referiu como um "verdadeiro trabalho escravo respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU". "Deste modo, nosso país deixou de contribuir com a ditadura cubana, não mais enviando para Havana 300 milhões de dólares todos os anos", falou. Ele lembrou que boa parte dos médicos deixou o Brasil antes mesmo que ele assumisse o governo e que os que permaneceram no país vão se submeter à qualificação para exercer a profissão.

O presidente também falou sobre a situação na Venezuela, dizendo que o país experimenta hoje "a crueldade do socialismo" e que o Brasil sente os impactos disso por causa do alto número de migrantes. Disse que o governo tem atuado em parceria com os EUA e com outros países para restabelecer a democracia no país vizinho, mas que a ameaça ainda existe. No discurso, Bolsonaro disse que o Brasil trabalha para reconquistar a confiança do mundo e diminuir problemas como desemprego e violência. Ele diz que o país estava "à beira do socialismo" e está sendo reconstruído em seu governo "a partir dos anseios e dos ideais de seu povo".


"Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições", falou. Bolsonaro buscou apresentar seu governo como uma alternativa de abertura econômica para o país, com combate à burocracia, à corrupção e a acordos comerciais, sem deixar de citar os escândalos do PT e tecer elogios ao atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Discorreu sobre as viagens que seu governo tem feito para retomar relações comerciais, como a viagem a Davos, no início do ano, a Israel e Argentina. Prometeu que, ainda este ano, deve investir em parceiros na Ásia --Oriente Médio, Japão e China.

Fonte: UOL


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Procurador do 'miserê' diz que está sendo vítima de "linchamento moral"

O procurador Leonardo Azeredo dos Santos, que ganhou repercussão após a divulgação de um áudio em que chama seu salário de R$ 24 mil mensais de “miserê”, emitiu um comunicado nesta quinta-feira (12).
Leonardo Azeredo dos Santos está afastado do cargo
Foto: Reprodução/Facebook
No texto, o procurador diz que está sofrendo um “linchamento moral” e ainda afirma que em nenhum momento quis comparar sua realidade com a de outros brasileiros. 
“Comparei, e os números não mentem, a situação atual de nossa classe que, com o término do pagamento de verbas em atraso, passará por uma significativa supressão remuneratória”, diz um trecho da nota.
Nos últimos dias, o nome do procurador passou a repercutir devido à declaração considerada polêmica. Ele chegou a tirar licença médica do Ministério Público e está afastado.
O procurador, que atua em Minas Gerais, teve um desabafo gravado pelo próprio Ministério Público durante a reunião para discutir o orçamento de 2020.
Em um trecho, ele chega a questionar: "Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil?". E se revolta: "Estou fazendo a minha parte, estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou passando a gastar R$ 8 mil pra poder viver com meus R$ 24 mil".
Entenda
A indignação do procurador teria começado ao saber que o benefício que ele recebe não terá reajuste. Só que o valor da remuneração que ele chama de "miserê", pode chegar a quase 80 mil reais por mês
De acordo com o RedeTV News, dados do Portal da Transparência mostram que o procurador realmente ganha R$ 24 mil líquidos por mês. Mas de janeiro a julho, ele recebeu indenizações e outras remunerações em todos esses meses. O menor valor foi de R$ 48 mil. Já o maior vencimento, em junho, chegou a quase R$ 80 mil, incluindo os descontos.
Em nota, o Ministério Público de MG informou que em função da grave crise financeira do estado não há nenhum projeto que prevê novos benefícios para procuradores, promotores, nem servidores.
Na terça-feira (10), Santos já não havia aparecido para trabalhar e alegou estar sob efeito de medicamentos para depressão.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo procurador:
"Exmo. Sr. Procurador-Geral de Justiça,
Doutor ANTÔNIO SÉRGIO TONET,
Dirijo-me a Vossa Excelência, muito respeitosamente, a propósito das repercussões havidas na imprensa a partir de manifestação oral por mim produzida, no âmbito da reunião da Egrégia Câmara de Procuradores de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, quando da discussão da proposta orçamentária institucional para o próximo ano, a fim de oferecer, não só a Vossa Excelência, mas a todos os pares e, sobretudo e em primeiro lugar, ao povo mineiro, os seguintes esclarecimentos:
Sou membro do Ministério Público do Estado de Minas Gerais há quase trinta anos, exercendo as minhas nobres funções com muito orgulho, satisfação e dedicação, vocacionado que sou para as atribuições que a Constituição Federal conferiu à Instituição.
Tenho procurado manter-me fiel aos ideais democráticos que regem a atuação ministerial, sempre respeitando a pluralidade que permeia a nossa sociedade, ouvindo atentamente os seus anseios e clamores por justiça.
Não tenho outra razão de ser em minha atividade funcional que não a de zelar pelos interesses de todos os mineiros, fazer cumprir a lei e valer os princípios republicanos da impessoalidade, eficiência e transparência.
Após a veiculação do áudio da última reunião pública do nosso Órgão Colegiado maior, inúmeras reações negativas tomaram conta das redes sociais e da imprensa em geral. Na oportunidade, deixo claro que, em nenhum momento, tive eu a pretensão de fazer qualquer comparação entre a minha realidade de vida e de remuneração e a luta brutal que a maioria dos meus concidadãos enfrenta, pela sua sobrevivência cotidiana. Longe de mim. Não ignoro as dificuldades dos outros, tampouco tripudio das agruras dos menos aquinhoados. É óbvio que não. Comparei, e os números não mentem, a situação atual de nossa classe que, com o término do pagamento de verbas em atraso, passará por uma significativa supressão remuneratória. Daí a se pensar que eu seja um louco insensível, ou que desconheça a situação precária das contas de Minas, vai uma distância abissal.
Lamento, de todo modo, o mal entendido e os transtornos causados, os quais sequer imaginara ao manifestar-me dentro de casa, o Ministério Público, no Órgão Colegiado, presidido por Vossa Excelência e composto pelo nobre Corregedor-Geral do Ministério Público e outros dezenove colegas, Procuradores de Justiça, além deste subcritor, espaço sagrado, infenso a censuras de qualquer espécie; ao contrário, foro adequado à discussão e ao debate livre das matérias ali postas em apreciação, mesmo que em tom de desabafo.
Deploro, finalmente, sirva o episódio em questão para alimentar as ofensas que os detratores do Ministério Público e da liberdade, oportunistas de ocasião, insistem em lhes assacar.
Repudio, ainda, a minha execração pública, os ataques, ofensas e perseguições que ora me vitimam, num linchamento moral de todo impróprio a uma sociedade madura, haja vista a ausência de qualquer espécie de ilegalidade em meu comportamento.
Sendo o que me cabia dizer, e sempre à disposição de Vossa Excelência, peço-lhe a fineza de fazer, caso julgue conveniente, a divulgação desses esclarecimentos meus a todos os possíveis interessados.
Grato, despeço-me muito cordialmente.
LEONARDO AZEREDO DOS SANTOS
PROCURADOR DE JUSTIÇA"

Fonte: Rede TV

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Sinais de mais uma grave crise mundial se intensificam

A economia mundial emite sinais de desaceleração a cada dia. O mais recente é o da queda na produção industrial global mais acentuada e disseminada em pelo menos seis anos.


O recuo está sendo puxado pela indústria automobilística e o motivo apontado são os efeitos colaterais da guerra comercial entre Estados Unidos e China. É o que informa o blogueiro do Portal UOL, José Paulo Kupfer.

Segundo ele um novo índice de incerteza no comércio internacional, calculado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), mostra dados preocupantes. Retroagindo até 1995, o índice mostra um salto em 2019, superando em dez vezes a marca de 2018, depois de quase 25 anos de relativa estabilidade. A causa, mais vez uma, é a guerra comercial EUA-China.

Incertezas sobre o futuro próximo da economia mundial ajudam a paralisar investimentos e, assim, contribuem para derrubar as perspectivas de crescimento econômico. Mas não só isso, diz ele. Elas também estão presentes em movimentos defensivos nos principais mercados de ativos financeiros — ações, moedas e títulos públicos e privados.

A recente inversão nas taxas (e rendimentos) de títulos da dívida americana, afirma José Paulo Kupfer, com retornos menores para papéis de longo prazo, em relação ao rendimento dos títulos de curto prazo, trouxe mais um sinal de alerta. A inversão, que ocorrera pela última vez no período que antecedeu à grande crise global de 2008, voltou a acontecer agora em agosto. Muitos atribuíram a ocorrência a um prenúncio de uma nova recessão na economia global.

Também o aumento dos investimentos em papéis com juros negativos refletiria um mau presságio sobre a atividade econômica internacional, diz o blogueiro. Já são mais de US$ 15 trilhões de aplicações com juros negativos — um volume sem precedentes –, a indicar que, diante das incertezas sobre o futuro da economia global, a busca por segurança está superando a atração pela caça de lucros, segundo José Paulo Kupfer.

Ele lembra que Nouriel Roubini, o economista americano, de 61 anos, nascido em Istambul, na Turquia, que ficou célebre por antecipar a crise de 2008, está prevendo agora a possibilidade de uma nova recessão global, talvez já a partir de 2020. Além da guerra comercial EUA-China, dois outros choques, na visão de Roubini, poderiam desencadear uma retração econômica generalizada.

Um deles é a disputa tecnológica, também entre Estados Unidos e China, pelo domínio de mercado dos novos e revolucionários usos da inteligência artificial, da robótica e das redes de comunicação 5G. O outro é um acirramento de conflitos no Oriente Médio, em torno dos suprimentos de petróleo, novamente opondo Estados Unidos e Irã.

Já se sabe o que se passa nas economias com a ocorrência de instabilidades e cortes no fornecimento de petróleo. Mesmo com a atividade econômica eventualmente em baixa, o choque na oferta de energia joga os preços do petróleo para o alto, encarece, generalizadamente, os custos de produção e reduz a demanda em geral.

Quanto às disputas no ambiente da tecnologia de ponta, segundo Roubini, os perigos para a economia mundial vão além de uma guerra competitiva. A tecnologia 5 G, por exemplo, em breve será o padrão de conectividade para infraestrutura civil e militar, algo crítico e sensível do ponto de vista da segurança nacional. Pelo menos em tese, um chip 5G pode transformar qualquer eletrodoméstico em dispositivo espião de escuta.

As recentes desconfianças do presidente americano, Donald Trump, em relação à gigante chinesa de comunicações Huawei dão uma ideia dos riscos iminentes, avalia José Paulo Kupfer. Os Estados Unidos colocaram a empresa, hoje a mais avançada no domínio da tecnologia 5 G, numa lista de firmas estrangeiras classificadas como ameaça à segurança nacional e, embora tenham aliviado a restrição, por pressão de fornecedores americanos da empresa chinesa, o governo Trump acaba de anunciar a inclusão de mais afiliadas da Huawei à lista.

"Isso significa que, se a Huawei for realmente considerada uma ameaça à segurança nacional, o mesmo aconteceria com milhares de exportações chinesas", escreveu Roubini num artigo publicado em fins de agosto. "É fácil imaginar", completa o economista, "como essa situação pode levar a uma implosão em escala do sistema de comércio global".

Para o Brasil, as perspectivas de uma nova crise econômica mundial podem ser encaradas como um complicador para a recuperação da atividade econômica. A economia brasileira exibe forte correlação, direta e positiva, com as cotações nos mercados internacionais de commodities. Se a tendência recessiva global vier a se confirmar, as volumosas exportações brasileiras de commodities agrícolas e minerais seriam afetadas com baixa de preços e retração da demanda.

Em relação ao petróleo, o Brasil exporta cerca de 30% do que produz, mas ainda importa 15% do petróleo consumido internamente. Um choque de oferta produziria efeitos mistos no balanço externo específico do setor, mas transmitiria dificuldades adicionais para o conjunto da economia.

Fonte: Vermelho

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Campanha ironiza procurador que não consegue viver com R$ 24 mil

Campanha recolhe doações para procurador que passou a tomar antidepressivos por conta do salário “miserê” de R$ 24 mil. Em desabafo, Leonardo Azeredo reclamou que poderia até virar “pedinte” pois teve que reduzir suas despesas com cartão de crédito

Em Belo Horizonte, manifestantes colocam caixa para arrecadar doações para o procurador Leonardo Azeredo (dir)
O áudio com a reclamação do procurador Leonardo Azeredo dos Santos a respeito do seu salário “miserê” de R$ 24 mil foi o assunto mais repercutido na internet brasileira nesta segunda-feira (9).
Nesta terça-feira (10), manifestantes colocaram uma caixa de papelão em frente à Igreja São Francisco de Assis da Pampulha, em Belo Horizonte, com o seguinte pedido: “Ajude o procurador do MPMG a sair do miserê. Deposite aqui sua doação”.
A declaração de Leonardo Azeredo dos Santos foi gravada durante a 5ª reunião extraordinária do colegiado do MPMG, que discutia o Orçamento de 2020.
Neste momento, o procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, informava que, caso o estado assine o acordo de recuperação fiscal com o governo federal, não haverá qualquer reajuste salarial, mesmo que haja aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o procurador, ele já estaria baixando o padrão de vida por causa do salário.
“Estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou gastando R$ 8 mil. Pra poder viver com os R$ 24 mil. Eu e vários outros já estamos vivendo à base de comprimido, à base de antidepressivo. Estou falando assim com dois comprimidos de sertralina por dia, e ainda estou falando deste jeito. Se não tomasse, ia ser pior do que Ronaldinho”, afirmou em tom exaltado.
Durante a reunião, Leonardo Azeredo ainda questiona Antônio Sérgio Tonet se não é possível alguma forma para “incrementar” os salários no próximo ano.
“Dentro do orçamento, não há nenhuma perspectiva, nenhum sonho, de incrementar qualquer tipo de vantagem que aumente nossa remuneração? Ou plantão? Ou qualquer coisa que aumente remuneração?”, questionou.
Azeredo justifica o motivo de sua angústia. “Infelizmente, não tenho origem humilde. Não sou acostumado com tanta limitação”, diz. “Todo mundo já verificou que é um salário relativamente baixo. Sobretudo para quem tem mulher e filho (…) Não sei se vou receber a mais, se vai ter algum cálculo dos atrasados que vai me salvar, salvar a minha pele.”

Mais que R$ 24 mil

Embora tenha se queixado do “miserê” de R$ 24 mil por mês, Leonardo Azeredo ganha bem mais do que isso. Segundo dados do Portal da Transparência do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), nos últimos sete meses a média mensal recebida por ele foi de R$ 68.275,34.
As informações que constam no Portal da Transparência do MPMG mostram que o rendimento líquido total do procurador é, realmente, um pouco abaixo de R$ 24 mil. Mesmo assim, outros valores se somam ao salário.
Em julho, por exemplo, que é o último mês com os dados disponíveis para consulta, Leonardo recebeu indenização de R$ 9.008,30, e remunerações retroativas/temporárias, de R$ 32.341,19. Além do salário de R$ 24 mil.
Em janeiro, o procurador recebeu indenização de R$ 42.256,59, e o valor de R$ 21.755,21, relativo de outras remunerações retroativas/temporárias.
Os procuradores ainda têm outros benefícios, como o auxílio-alimentação, de R$ 1,1 mil, e o auxílio-saúde, valor equivalente a 10% do subsídio.

Realidade do brasileiro

Atualmente, a renda média do brasileiro, incluindo super salários, é de R$ 2.270 por mês, de acordo com o IBGE. A dos trabalhadores no serviço público é de R$ 3.666.
Outros 38,6 milhões trabalhadores estão em situação de informalidade, sem registro, sendo que 10 milhões vivem com rendimento abaixo do mínimo necessário à sua sobrevivência; nem nos 13 milhões de desempregados.
O Dieese, na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos calcula que o salário mínimo necessário para uma família viver, de acordo com o que determina a Constituição, deveria ser de R$ 4.044,58.
Fonte: pragmatismopolitico.com.br